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18 de Abril de 2024

Redução da maioridade penal: o que podemos aprender com as fábulas de Esopo?

Por Bernardo de Azevedo e Souza e Thiago M. Minagé

há 9 anos

Fonte: Canal Ciências Criminais

Segundo os historiadores, no século VI a. C. Teria vivido na ilha grega de Samos um curioso escravo chamado Esopo. Comprado por um filósofo, obteve sua liberdade devido a sua inteligência incomum e invejável, tornando-se um disputado conselheiro dos reis mais poderosos da época. Mas o que essencialmente destacava Esopo dentre os demais era sua aptidão de transmitir valores de fundo moral por meio de fábulasnarrativas breves, normalmente em prosa, na maior parte das vezes protagonizadas por animais falantes, que, ao final, eram seladas por uma máxima moral.

Em suas aparições em público nas praças de cidades da antiga Grécia, o fabulista relatava a crianças e adultos seus contos cheios de imaginação. Certa vez, contudo, durante uma visita a cidade grega de Delfos, Esopo teria impensadamente ofendido alguns de seus habitantes ao contar uma de suas histórias. Os délficos, por vingança, o acusaram falsamente de roubo e o condenaram à morte. Esopo foi então arremessado do alto de um precipício, sem que suas fábulas pudessem salvá-lo no momento da queda.

Apesar do desfecho trágico da vida do fabulista, suas histórias tornaram-se muito populares no século V a. C. Os cidadãos gregos citavam-nas em festas e reuniões políticas para reforçar seus pontos de vista e impressionar os convidados. O interesse em tais contos, repassados de gerações a gerações, concederam a Esopo o título de “pai da fábula”, ainda que a origem desta espécie de narrativa remonte a períodos anteriores ao nascimento do próprio escravo.

Dos autores antigos, Esopo certamente está entre os mais conhecidos. As fábulas a ele atribuídas foram editadas ininterruptamente desde a antiguidade, sendo a primeira edição impressa datada de 1474. Provavelmente muito dos leitores foram apresentados aos seus contos ainda na infância. Quem não recorda ter ouvido a história da lebre que decide disputar uma corrida com a tartaruga para ver quem é a mais veloz? A lebre, rápida por natureza, encarou a prova com displicência, adormecendo durante o trajeto, enquanto a tartaruga, consciente de sua própria lentidão, não parou um minuto sequer, alcançando a vitória. Estas e outras histórias são (e continuam a ser) contadas pelos pais aos filhos quando crianças, tornando Esopo uma das maiores referências para a literatura infantil de todos os tempos.

As fábulas de Esopo foram aos poucos adquirindo novas traduções e tornaram-se clássicos da literatura com o advento da imprensa escrita. Muitos dos contos foram adaptados para versos rimados pelo francês La Fontaine, que acabou recebendo o crédito por grande parte delas. Os historiadores destacam, no entanto, que a autoria das fábulas pertence a Esopo, o escravo cujas histórias de fundo moral moldaram os padrões da civilização ocidental.

Embora as edições brasileiras das fábulas esópicas voltem-se, em sua grande maioria, exclusivamente ao público infantil, a produção de Esopo não se esgota neste âmbito. Algumas das histórias enfrentam temas como injustiça, morte, sensualidade, prostituição, estupro e discriminação. A maioria delas pode perfeitamente ser contextualizada para a realidade em que vivemos nos dias de hoje, notadamente no âmbito do sistema de justiça criminal, sendo possível, por meio delas, extrair valiosos aprendizados.

Queremos tratar hoje da fábula “O Lobo e o Cordeiro. Segundo o conto, um cordeiro bebia água num riacho, com forte correnteza, quando percebeu a presença de um lobo alguns metros acima:

Como tem coragem de sujar a água que bebo?, questionou o lobo, que estava há dias sem se alimentar e procurava algum animal para matar a fome.

Senhor, como posso sujar a água que está bebendo se ela corre até mim?, indagou o cordeiro, trêmulo, com inocência.

Você está agitando a água, continuou o lobo, e sei que andou falando mal de mim no ano passado.

Mas senhor, respondeu o cordeiro, no ano passado eu ainda nem tinha nascido, como poderia ter feito tamanho mal?

Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo, disse o lobo após pensar um pouco.

Sou filho único, senhor, não tenho irmãos, mencionou o cordeiro.

Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!, vociferou o faminto lobo. E, ao constatar que suas razões não convenciam o cordeiro, saltou sobre o pobre animal e abocanhou-o, levando-o para comer num local mais sossegado.

A fábula encerra a ideia de que quando alguém está disposto a nos prejudicar, de nada adianta nos defendermos ou, ainda, que para aqueles que têm como propósito praticar a injustiça, nenhuma defesa justa tem valor. O enredo pode ser adaptado para o contexto atual, sobretudo em relação à recente e polêmica discussão travada sobre redução da maioridade penal. O discurso que vem sendo adotado demonstra que quando alguém tem a pretensão de suprimir, de maneira progressiva, direitos e garantias individuais, sociais, culturais, econômicos e políticos de seus opositores, pouco importa a irracionalidade dos motivos para justificar suas condutas.

É cada vez maior o ódio, o furor e a revolta daqueles que, intitulados legitimados para tanto, vendem ao povo a ilusão, o sonho de que podem resolver todos os problemas da criminalidade existente em nossa sociedade. Já não mais importam os motivos, os argumentos, as justificativas ou mesmo as consequências. Vamos atacar a juventude! Ela é a única que pode mudar aquilo que os vendedores não querem que mude. Eis a ignorante política social…

O populismo penal e o discurso do ódio chegaram infelizmente a um patamar feroz e avassalador. Apenas 24 horas após o plenário da Câmara dos Deputados rejeitar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, com 303 votos a favor, 184 contra e três abstenções, a redução da maioridade penal foi novamente submetida à votação, sendo aprovada na madrugada desta quinta-feira (02/07/2015). Com 323 votos a favor, 155 contra e duas abstenções, a nova votação ocorreu em virtude de uma polêmica manobra do Presidente da referida Casa Legislativa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por meio da apresentação de emendas aglutinativas à PEC, com o objetivo de “alterar” o texto rejeitado e manter a temática em pauta. A “nova” modificação foi suficiente para que 24 deputados mudassem radicalmente de opinião e possibilitassem a aprovação da medida.

No entanto, se esquecem alguns deputados que o Código Penal estabeleceu, em seu art. 27, o critério biológico como limitador da inimputabilidade penal do menor de 18 (dezoito) anos; se esquecem que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) abandonou a ideia de punição trazida em 1979, não assumindo o viés de código, mas de estatuto, sendo também encampado pelo Decreto 99710/90 (Convenção sobre Direitos da Criança); se esquecem que a Constituição Federal, dentre tantas outras inovações, inclui em seu art. 227 como obrigação da família, da sociedade e do Estado (sim, da sociedade e do Estado) assegurar os direitos da criança e do adolescente, passando a ser adotada a Doutrina da Proteção Integral; se esquecem que o Brasil acompanha a Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959 e a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança de 1989, assumindo a responsabilidade legal de garantir um futuro digno à sua juventude; em suma, se esquecem da existência de leis que tutelam integralmente direitos e deveres das crianças e dos adolescentes.

Não podemos dar as costas e furtar os sonhos de um adolescente, não só por considerá-lo formalmente imputável, mas sim por esquecermos de lutar por melhorias em todos os aspectos, respeito e dignidade. Parece que nos esquecemos de amar, o sonho se perdeu, a essência diluiu, deixamos de olhar o próximo com afeto. Restou-nos somente o apego de que a eliminação da criminalidade se efetiva pelo encarceramento maciço e desenfreado. Nossos menores estão a cada dia mais marginalizados. Já anunciava Gonzaguinha que não estamos nos preocupando com a pureza e a resposta das crianças. Estamos perdendo a essência da juventude.

O lobo, na fábula de Esopo, ao constatar que seus argumentos eram insuficientes para convencer o cordeiro, saltou sobre o animal e abocanhou-o. Alguns deputados já manifestaram que, se for novamente derrotado no 2º turno da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha não medirá esforços para acrescentar emendas aglutinativas à PEC 171 e convocará nova sessão até que sua posição seja imposta ao plenário.

Estaremos, afinal, diante do faminto lobo de que narra a fábula?

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103 Comentários

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Até onde me consta os únicos que insistem desesperadamente na tese de "eliminar a criminalidade" são os contrários a redução da maioridade penal.

O que todos querem é que quem comete crimes pague por eles, afinal alguém sempre pagará, seja a próxima vítima, seja o bandido, simples escolha.

Querem reduzir o termo "crianças" equiparando todas elas aos estupradores e assassinos que andam por aí. Só os bandidos serão presos, não todas as crianças.

Se só educação e condição financeira resolve-se algo não teríamos riquinhos cometendo crimes. Ser bandido não é sinônimo de ser analfabeto e pobre. E se a maioria dos presos são pobres e com pouca educação é porque não tiveram um bom advogado para pô-los na rua graças as nossas leis benevolentes com bandidos.

O que dizer dos que atearam fogo no índio Galdino em Brasília (o menor passou meros 3 meses internado .... isso sim é punição não é? ... tenho certeza que se reabilitou nesse intensivão). Todos mereciam punição bem maior, pelo menos aos olhos de mais de 90% da população ... ainda somos uma democracia?

Mas talvez a desculpa agora seja o ódio do povo brasileiro, pois tenho certeza que na Inglaterra e nos EUA a punição seria ainda mais branda ... sqn. continuar lendo

Comentário perfeito, caro Armpit Lover (seja lá o que signifique seu nome, nem sua imagem que não aparece, dando-me a sensação de que você pode ser fake). Contudo, seu comentário foi perfeito! continuar lendo

Exatamente, Armpit.
Curiosa a leitura que os autores fizeram da fábula, já que quem tem apresentado argumentos falaciosos (como o de que apenas 1% dos crimes são praticados por menores; como o que se busca prender AO INVÉS de educar, como se houvesse esse trade off; como o de que haveria compatibilidade entre a legislação brasileira, que põe em liberdade assassinos depois de 6 meses de medida sócio educativa, com alguma coisa parecida no mundo civilizado) são os contrários à redução da maioridade penal.
O mais recente que eu vi, apresentado pelo governo federal,seria o de que, caso fosse reduzida a maioridade penal, poderia haver menor punição para quem estuprasse mulheres com 16 ou 17 anos! Mais uma mentira!
Quem tem apresentado estatísticas falaciosas, como o de 30% de reincidência de jovens criminosos, sem depurar a análise aos crimes mirados na redução, que são os contra a vida, e sem a análise do período em que se observa a reincidência, são os contrários à redução.
Quem tem apelado ao colocar textos com foto de bebês presos, como se fosse este o caso, ao invés de, por franqueza, colocar a foto de um assassino com 17 anos, em alguns casos assassino de bebês indefesos, são os contrários à redução da maioridade penal.
Ora, neste contexto, quem é o lobo da fábula? continuar lendo

Excelente colocação Sr. Armpit !! Obrigada por expressar o meu sentimento em palavras! continuar lendo

Perfeito. Comentário irrepreensível.
O autor do texto tenta transformar em cordeiros os lobos que assolam a sociedade, fazendo uso de uma retórica sem fundamento.
Diz que não há argumentos para reduzir, quando ha verdade não há argumentos para manter a maioridade penal em 18 anos. continuar lendo

Excelente comentário de Armpit Lover, mas não pude deixar de observar nas entranhas do artigo supra, como esquerdistas distorcem a lógica para satisfazerem seus interesses.

Quanto ao interesse do autor, não há dúvidas. É a não redução da maioridade penal. Para a defesa deste interesse, foi utilizada a fábula do Lobo e o Cordeiro, que se lida com atenção, denuncia o próprio autor no papel de lobo, pois este faz uso de argumentos ilógicos para que o objetivo (não reduzir a maioridade penal) seja atingido.

O um dos argumentos ilógicos pode ser visualizado no texto abaixo, extraído do referido artigo:

"[...]se esquecem que a Constituição Federal, dentre tantas outras inovações, inclui em seu art. 227 como obrigação da família, da sociedade e do Estado (sim, da sociedade e do Estado) ASSEGURAR OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, PASSANDO A SER ADOTADA A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL; se esquecem que o Brasil acompanha a Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959 e a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança de 1989, assumindo a responsabilidade legal de garantir um futuro digno à sua juventude;[...]" (grifo meu)

Note que o autor quer que se faça interpretar ao pé da letra o trecho que trata dos direitos da criança e do adolescente (grifado) apenas para o agressor, mas esquece que o direito é como uma estrada de duas vias, sendo que um não pode invadir a faixa do outro. Quer mobilizar o estado para dar proteção integral à uma pequena, mas não ínfima, parcela de jovens criminosos, abrindo mão da maior parte da população, que sofre nas mãos desta minoria protegida.

Quanto à vitória provocada por Cunha, no meu ponto de vista, foi a expressão primeira da Democracia, pois sempre haverá uma minoria que se submeterá à vontade da maioria.

Se a questão das emendas aglutinativas fosse realmente um golpe, como dizem os não-reducionistas, esta seria denunciada durante a votação na forma de abstenções. As alterações ao texto fizeram foi convencer uma maior parte dos que disseram não, além de trazer à votação os que se abstiveram, já que o número de abstenções reduziu de 3 para 2.

O erro lógico seria, na verdade, subjugar a maioria às vontades de uma minoria que sequer tem argumentos consistentes para sustentar estas vontades. continuar lendo

Galdino, sempre lembrado.
Todos os poderes envolvidos com os mesmos problemas. Aliás, quem é capaz de matar até para se divertir, é tomado por ter méritos, até acrescidos, como o de ser um dentista melhor do que um simples segurança, não foi isso? Correção, por favor. Ou correição, ou ... continuar lendo

Até onde me consta os únicos que insistem desesperadamente na tese da constitucionalidade do lamentável “golpe” do Eduardo Cunha são os que a todo custo querem a aprovação.
A questão aqui não é nem a respeito da constitucionalidade material da redução da maioridade penal. Há muita divergência sobre esse fato e eu respeito muito isso. Agora, não há dúvida de que a matéria rejeitada na terça-feira, é a mesma aprovada na quarta. O § 5º do art. 60 da CF impede expressamente a apresentação da mesma matéria ao plenário, como fez o Presidente da Câmara dos Deputados. O que se observa é um vício formal de inconstitucionalidade. Quanto a isso senhores, com a devida vênia, não há o que discordar.
A partir do momento que não se respeita a Constituição Federal gera insegurança, é assim que me sinto e creio que todos deveriam também. continuar lendo

Caro Ahmad Sunbulat Neto,

Não se trata de um fake, mas um cognome, apenas alguém que prefere não se expor, no meu caso por razões de trabalho, na verdade o termo fake é erroneamente utilizado na net sendo quase um sinônimo ou algo vinculado a ideia de anonimato ... no caso da internet o anonimato consistiria em uma navegação que impedisse a descoberta do IP físico e lógico além de dados do usuário, o que não é meu caso.

Dependendo do que fazemos nem sempre podemos nos expor, afinal a liberdade de expressão e o livre pensamento são tão fictícios quanto a ideia de anonimato e privacidade ... sites nos monitoram a todo tempo ... assim apenas uso com cognome, sem estar anonimo na rede e sem ferir a CF :-)
................

Na verdade Ingrid Strublic o STF ainda não tem um posicionamento unânime sobre a constitucionalidade ou não da dita manobra.
http://oglobo.globo.com/brasil/eduardo-cunha-usou-manobra-regimental-em-votacao-sobre-reducao-da-maioridade-16647814

O próprio STF já decidiu casos semelhantes como interna corporis. continuar lendo

Prezado,
Seu comentário foi perfeito. A redução da maioridade penal não tem nada a ver com ódio, vingança, "lobo e cordeiro", etc. Ninguém está pensando em encarcerar em massa nossos jovens, apenas e tão somente colocar na cadeia alguns criminosos brutais, que hoje estão protegidos pela impunidade.
Assisti pela TV Câmara boa parte do debate entre os parlamentares. Pareceu-me que os defensores da redução da maioridade penal representam o bom senso, a justiça para com as vítimas e a proteção da sociedade; seus argumentos são sólidos e refletem o pensamento de 87% dos brasileiros.
Já os que se opõe, apelam para uma lógica completamente absurda, pois é ideológica. Algumas pérolas do absurdo:
a) a maioria dos países membros da ONU estabelecem a maioridade penal aos 18 anos - quando se coloca o Grão Ducado de Luxemburgo (500000 habitantes e a China (1.400.000.000 habitantes) no mesmo saco, o resultado é este; mas um cálculo isento mostra que a maioria absoluta dos habitantes do planeta Terra tem o bom senso de punir com rigor assassinos menores de 18 anos;
b) não cederemos à vontade de "maiorias ocasionais", pois até Jesus Cristo foi condenado por "maioria ocasional" - o assunto está em discussão há anos e todas as pesquisas mostram que a maioria da população (hoje 87%) apoia a redução, portanto esta maioria pode ser tudo menos ocasional. Se não é para refletir a vontade do povo num assunto desta natureza, para que serve o parlamento? E, vamos e venhamos, comparar implicitamente, por exemplo, os menores de idade que estupraram e mataram as garotas no Piauí a Jesus Cristo é forçar um pouco a barra...
c) o crime nasce da exclusão social, portanto temos que educar e não prender - é óbvio que uma coisa não exclui a outra; é obrigação do governo empregar o dinheiro dos contribuintes na melhoria das condições de vida da população, o que inclui educação de qualidade para todos E segurança. A maioria absoluta dos nossos mais de 10.000.000 de jovens entre 16 e 18 anos precisa de boas escolas; algumas centenas (o número 2730 foi citado em algum momento) que cometem crimes graves merecem cadeia. Simples assim...
E um pensamento final: extrapolando o famoso estudo da FIESP sobre o custo da corrupção para os tempos atuais, tem-se uma estimativa de 100 bilhões de reais consumidos pela roubalheira; isto é quase o mesmo que o governo federal gastará com a Educação em 2015.
Se, ao invés de preocupar-se em impedir a punição de assassinos e estupradores, a OAB e outras entidades estivessem lutando por maior rigor no combate à corrupção, mais agilidade nos processos contra os corruptos e menos brechas na Legislação, que permite aos ladrões do dinheiro público aproveitar gostosamente o produto do roubo, viveríamos todos num país bem melhor. continuar lendo

Sinceramente, dizer que uma pessoa de dezesseis anos hoje, que mata, estupra, rouba é comparada ao cordeiro da fábula, chega a ser tosco e/ou muito ingênuo. Pessoas que tem pai, mãe e educação não deveriam e nem poderiam estar se prestando a este papel de criminosos. Se os pais não ensinam e nem educam seus filhos, quem sabe com a ameaça dos presídios, algum temor por não praticar o mal possa acometer a este jovens "inocentes"? Quando eu tinha dezesseis anos, eu não tinha o que comer direito na minha casa, não tinha roupa para vestir (vestia o que ganhava de alguma tia mais abastada) e muito menos o que calçar; Nunca pedi, nunca roubei: estudei com afinco e trabalhei. Passava fome, mas, não pedia esmola. Hoje, uma moça de 15 anos vai a um baile Funk autorizada por sua mãe: vai sem calcinha e nem sabe apontar quem é o pai de seu filho porque estava de costas quando um, dois, três quatro homens a usavam como só os animais fazem. Cordeiros trêmulos? Certamente que não! Os maiores traficantes do país usam menores para prática dos crimes mais violentos, ou os menores assumem a autoria dos crimes para ficarem impunes. Portanto, a lei pelo menos deverá colocar mais responsabilidade na cabeça de pais que tem responsabilidade com sua prole, mas, que ao invés disto, só aparecem para gritar na porta de delegacias ou quando a viatura da PM passa para leva os "inocentes cordeiros" presos: "Meu filho é um anjo". Dizem os pais destes menores assassinos e bandidos.
Anjos? Ora, já tiveram a oportunidade de conversar frente a frente com tais "cordeiros"? Experimentem ouvir o que conversam e saberão muito sobre quem é cordeiro e quem não é. Quem educa seus filhos nao se importa se a menoridade é com 10, 12, 15, 16 ou 21 anos. Afinal, educou seus filhos! Ensinou-lhe preceitos éticos, morais, religiosos, espirituais. Se não o deixou na frente da TV para ver programas que corrompem suas mentes e seu espírito, não tem muito com o que se preocupar. Se lhes ensinou o caminho do bem, da bondade, do amor, da caridade, também não tem com que se preocupar. Se os educou com bom exemplo, os puniu para lhes dar limites, não tem com o que se preocupar. E se o filho mata, rouba, estupra, sinceramente, ele vai passar pelo que tem que passar, porque escolheu isto para si.Chama-se livre arbítrio. continuar lendo

Sr. Armpit Lover ou sei la seu nome, se não me engano aqueles que atearam fogo no índio Galdino eram adolescentes com uma certa posição social, diferente dos pobres e negros mencionados. De qualquer forma é indiscutível sim a precípua relação entre crimes violentos e educação e cultura do agente, basta fazer uma pesquisa mais apurada. E é clara a relação entre poder e dinheiro e impunidade, é só ler as noticias. Todo o resto é balela, inclusive seus argumentos.... continuar lendo

Sr. Janio Bernardes,

Primeiramente ninguém tem a certeza sobre o nome de ninguém aqui ... eu poderia colocar o nome Brad Pitt e uma foto dele e nem por isso o seria e isso não daria qualquer respaldo a mais na minha opinião. Mesmo dados pessoais podem ser capturados pela internet, basta um mínimo de conhecimento.

Óbvio que há relação entre dinheiro e impunidade, e é isso que contesto, pois a lei deve ser para todos os bandidos, independente de classe social.

A redução da maioridade penal atingirá bandidos, mas se você sair um pouco que seja às ruas verá pessoas no sinal de trânsito ou dormindo em praças ou debaixo de marquises que não estão cometendo crime. Nem todo pobre carente de educação é bandido, como nem todo rico bem educado deixa de ser bandido, e se não estão presos é pq bons advogados e leis falhas soltam.

Você parece ser apenas mais um dos que lucram com a impunidade. continuar lendo

A sociedade não quer gastar com criminoso de menor ou de maior? De qual sociedade se fala? Da sociedade que tem condições de pagar pela própria segurança e sonegar impostos; ou de 80% da miserável população brasileira que não tem onde "cair morta"? Analise-se o custo a proposta. Se seu custo é alto e envolve maior arrecadação de impostos, certamente não vai ser cumprida caso aprovada, ainda que benéfica à sociedade em geral. Então, aprovada a nova menor idade, será que teremos pessoas criminosas de 16 anos ou mais soltas por aí como temos hoje os maiores de 18 anos? Será que teremos cadeias que são o "quartel general" do crime organizado, como temos hoje?... Qualquer um que analisar custos, pode prognosticar o sucesso ou fracasso das soluções propostas por esse nosso arcaico modo de governar o país. continuar lendo

A pergunta final do artigo me faz lembrar outra parábola, ou fábula, que também costuma ser atribuída a Esopo, mas que tem referências até mesmo no texto bíblico, como tendo sido dita por Jesus: a advertência para que tomemos cuidados com lobos em peles de cordeiro.

A fábula menciona que um lobo, querendo ter comida farta, resolve vestir-se com a pelé de um cordeiro e misturar-se ao rebanho. Assim, durante o dia, comportava-se como um inocente cordeiro, mas à noite, sem vigilância, matava os cordeiros do rebanho para saciar sua fome.

Alguns comentários a essa fábula dizem que ela quer dizer que as pessoas devem ser julgadas não por sua aparência, mas por suas obras.

E então, devolvo a pergunta: estaremos nós diante do lobo faminto? E faço outra: somos o lobo ou somos o rebanho? continuar lendo

Boa colocação. Quem são os lobos e quem são as ovelhas, na verdade? continuar lendo

Caríssimos Bernardo de Azevedo e Souza e Thiago M. Minagé. Tenham certeza de que muitos de nós frequentadores do JusBrasil respeitamos vossos pontos de vista e agradecemos por mostrarem um ótimo contra-argumento para a lógica em questão. Mas, nem toda a fábula é capaz de convencer pessoas de bem de que, um jovem de 16 anos ou menos, seja rico ou pobre, que tenha força para impor sua vontade de humilhar, subjugar e matar um outro ser humano não tenha lucidez de seus atos e, por eles não possa responder. Não é a idade que determina o perfil criminoso de alguém, e sim, a sua formação, seja ela feita em qual berço for. Perguntem a qualquer pessoa que já esteve na mira de uma arma empunhada por um jovem a sensação de terror a que foram submetidas. A desonra de um homem frente a sua própria impotência vendo sua mulher e filhos serem humilhados sem nada poder fazer, sem poder protegê-los por temer pela perda da própria vida. Há uma grande diferença entre contar uma história e viver a própria história. continuar lendo

Certamente que esse Eduardo Cunha é o Esopo da fábula do lobo e do cordeiro. Não se sabe a que pretexto ele defende veementemente a redução da maior idade Penal. Acredito que esqueceu do papel de representante do povo, e passa a tentar fazer valer sua opinião pessoal, retrograda e totalmente afastada de quem vivencia o cotidiano dos presídios e centros de reabilitações para menores, que ,jamais, resorcializaram algum menor infrator.

Colocar a culpa nos jovens é mais fácil, que admitir sua incompetência como representante do povo de apresentar e defender um projeto que possibilitasse a inclusão social do jovem que vive a beira da marginalidade, de cobrar do Governo destinação efetiva de verbas públicas para uma educação de qualidade nesse país, com escolas técnicas de preparo do jovem para a cidadania e o mercado de trabalho.

Ele como representante do povo, nunca se preocupou em fazer valer as garantias Constitucionais que os jovens possuem estabelecidos na carta magna. Como moradia digna, esporte , lazer, educação de qualidade e dignidade Humana.

É lamentável ter representantes desse nível, afrente dos interesses do povo, que ao invés de endurecer as penas dos que aliciam os nosso jovens, luta covardemente para colocar que cada vez mais cedo nossos jovens na escola do crime , que são os presídios, encarcerando-os e favorecendo aos que os aliciam. Políticos com esse, é uma vergonha pro nosso país. continuar lendo

"Esqueceu que é representante do povo"? mais de 70% das pessoas querem a redução.
Não se trata de "colocar a culpa nos jovens" se trata de de punir responsabilidades. Um jovem de 19 anos não é mais jovem?
Pela linha desse débil raciocínio a solução estaria focada na garantia de uma formação educacional, o que é óbvio em um modelo ideal, porém enquanto esse modelo não chega, as pessoas precisam responder pelos seu atos. "Prender um jovem de 16 anos não revolve o problema!", ora prender um de 21 também não resolve, ocorre somente que ambos tem a mesma condição de julgamento, uma pessoa de 16 anos pode sim senhor ser responsabilidade pelos seus atos continuar lendo

Na verdade é 87%%%%%%.

E aí, qual a vontade do povo?????? continuar lendo

Elivalte me desculpe, mas o que Eduardo Cunha e mais 323 deputados fizeram foi fazer valer a vontade do povo, foi representar a todas as pessoas de bem deste país.
Buscar anular esta seção, mesmo sabendo haver outras três a discutir o mesmo tema, é algo que deveria envergonhar a todos que tentam fazê-lo, inclusive a OAB, que mais uma vez erra ao agir contra o povo. continuar lendo

Neste caso é a vontade do povo, pelos creio que muitos querem alguma mudança nos absurdo e impune (3 anos) máximos do ECA. Não posso dizer se a Emenda Aglutinativa - nº 16-2015/PEC 171-1993 é a melhor proposta, mas alguma o "povo" quer. Poderia até ser no ECA mesmo, mas os contrários aparentemente não querem mudar nada, nem no ECA essa proposta foi votada. continuar lendo